corazón partío

¿Quién me va a entregar sus emociones?
¿Quién me va a pedir que nunca le abandone?
¿Quién me tapará esta noche si hace frío?
¿Quién me va a curar el corazón partío?
¿Quién llenará de primaveras este enero
y bajará la luna para que juguemos?
Dime si tú te vas, dime, cariño mío
quién me va a curar el corazón partío

Alejandro Sanz
Se eu demorar uns meses convém, às vezes, você sofrer...
mas depois de um ano eu não vindo, ponha a roupa de domingo e pode me esquecer...
(Chico Buarque - Acorda Amor)
A vida é trânsito, é dia útil, não é domingo!

Consuelo de Castro (www.uhbaby.blogspot.com)

Do ponto de vista da pedra

NUMA MADRUGADA, afundo em cigarros e insônia. Na TV a cabo, cenas de um filme chinês, “2046 – Os Segredos do Amor”, fotografia de cores fortes, músicas incomuns, mulheres lindas, ancas deliciosas que sobem e descem escadas e se arrastam entre os lençóis. O filme não deixa de ser uma ode a esse antigo vício que muitos de nós, homens, temos: a paixão pelas mulheres e a mistura de afetos que as atormenta, a beleza insustentável, a forma infiel do corpo, o tédio incurável.

Uma chinesa se apaixona por um japonês. Seu pai a proíbe de amar o japonês, afinal o ódio aos horrores da guerra causados pelos japoneses justifica sua fala. O ano é 1967.

Ele volta para o Japão. Ela enlouquece, adoece, é internada. Põe-se a falar sozinha, definha sob a opressão da saudade. Vaga pelo quarto abraçando sombras.

E, aí, o filme me ganha definitivamente. Sim, eu sei que pessoas saudáveis não sofrem assim. Mas, em minha obsessão pelos que morrem de amor, não consigo admirar quem resolve bem a vida. Tenho certa paixão por quem fracassa no combate ao afeto. Certamente, tenho algum trauma primitivo, daqueles que fundam nossa personalidade despertando nossa alma.

Tem gente por aí que se julga inteligente porque não acredita na existência da alma -pobres diabos. Eu sei que podem me achar excessivamente cético, mas eu só acredito em Deus e na alma. Em mais nada. Eu, aliás, confio mais em almas penadas. Que assustam os sonhos à noite. Sim, eu sei. Melhor aqueles que tomam remédios, fazem terapias objetivas, meditam 15 minutos diariamente e viram budistas. Mas eu me encanto facilmente por gente que, como essa heroína chinesa, adoece de amor.

Vagando pela casa tentando relembrar cada palavra dita, cada cheiro, cada silêncio, cada gosto na boca, o toque da língua, a saliva, escorrendo a mão pelos seios, numa dança doce e macabra de acasalamento. Sozinha, beijando as paredes. O rosto coberto de lágrimas, os olhos vidrados, a boca salgada, a voz rouca de tanto gritar sozinha para os céus.

A incompreensão de todos à sua volta por tamanha incapacidade de se tornar indiferente ao amor morto. Sentir-se como uma folha esmagada contra o chão, elevada pelo vento, seca de tanto afeto, evocando a misericórdia dos deuses, eis minha fenomenologia do amor.

Lembro-me do conto de Edgar Allan Poe “A Queda da Casa de Usher”. Não me esqueço da doença que afeta o irmão e a irmã Usher. O talento monstruoso do melancólico Poe esmaga o leitor de sensibilidade diante da morbidez do amor impuro entre os irmãos Usher, fundando uma cumplicidade de segredos na distância entre os séculos.

A degeneração mortal dos irmãos se materializa numa sensibilidade insuportável para com os detalhes concretos da existência física. As roupas pesam na pele, os sons das palavras faladas em voz baixa rasgam os ouvidos, o paladar da língua é ferido pelo gosto sem gosto do alimento, a claridade de um dia sombrio ofusca a pupila infeliz diante do peso da luz, o ruído das relações humanas tortura o lento passar das horas, até as pedras das paredes da casa de Usher são agonia.

Miseráveis irmãos buscam a nudez, o silêncio, a fome, a escuridão, a solidão como cura. A vida, pouco a pouco, se torna morte, buscando o impossível repouso na ânsia de se fazer também pedra.

Amar é estar impregnado de uma presença, como o acúmulo dos anos se torna limo entre as pedras. Como uma forma de infecção invisível que une corpo e alma no desejo.

Sim, eu sei que se trata de um modo ruim de viver. Devemos fazer o culto da vida saudável. Mas não consigo. Encanta-me a personagem que perde a batalha contra si mesma como minha chinesa insone.

Morbidez? Pouco importa. Fôssemos apenas um bando de mamíferos alegres, ao longo de nossos milhares de anos de existência, não sobreviveríamos. A dor é que nos adapta ao ambiente hostil.
O “direito à felicidade” é a nossa grande falácia: hoje somos superficiais até do ponto de vista das pedras. Já Tocqueville, no século 19, temia que a “mania da felicidade” tornasse todos nós os tolos do futuro. Amém.


Luiz Felipe Pondé
Folha de S. Paulo de 26/07/2010

o caminho é um só

A humanidade é desumana,
mas ainda temos chance.
O Sol nasce pra todos,
só não sabe quem não quer.
Quando o sol bater na janela do teu quarto,
lembra e vê que o caminho é um só.

Renato Russo
"Não pense que o mundo acaba ali onde a vista alcança.
Quem não ouve a melodia acha maluco quem dança.
Hoje eu sei que mudar dói, mas não mudar dói muito."
Oswaldo Montenegro
“Há que aprender a sair mais limpo de situações pouco limpas e, se for preciso, lavar-se também com água suja."

Friedrich Nietzsche
Minha alma é a de um bandido tímido.

Lima Barreto
quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta adolescência

vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência

vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito

vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito

então ver tudo em são consciência
quando acabar esta adolescência

Paulo Leminski

Howl

Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca uma dose violenta de qualquer coisa "hipsters" com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite, que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz, que desnudaram seus Cérebros ao céu sob o Elevados e viram anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cômodos, que passaram por universidades com olhos frios e radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz de William Blake entre os estudiosos da guerra, que foram expulsos das universidades por serem loucos & publicarem odes obscenas nas janelas do crânio, que se refugiaram em quartos de paredes de pintura descascada em roupa de baixo queimando seu dinheiro em cestas de papel, escutando o Terror através da parede, que foram detidos em suas barbas púbicas voltando por Laredo com um cinturão de marijuana para Nova York, que comeram fogo em hotéis mal-pintados ou beberam terebentina em Paradise Alley, morreram ou flagelaram seus torsos noite após noite com sonhos, com drogas, com pesadelos na vigília, álcool e caralhos e intermináveis orgias, incomparáveis ruas cegas sem saída de nuvem trêmula e clarão na mente pulando nos postes dos pólos de Canadá & Paterson, iluminando completamente o mundo imóvel do Tempo intermediário, solidez de Peiote dos corredores, aurora de fundo de quintal com verdes árvores de cemitério, porre de vinho nos telhados, fachadas de lojas de subúrbio na luz cintilante de neon do tráfego na corrida de cabeça feita do prazer, vibrações de sol e lua e árvore no ronco de crepúsculo de inverno de Brooklyn, declamações entre latas de lixo e a suave soberana luz da mente, que se acorrentaram aos vagões do metrô para o infindável percurso do Battery ao sagrado Bronx de benzedrina até que o barulho das rodas e crianças os trouxesse de volta, trêmulos, a boca arrebentada e o despovoado deserto do cérebro esvaziado de qualquer brilho na lúgubre luz do zoológico, que afundaram a noite toda na luz submarina de Bickford's, voltaram à tona e passaram a tarde de cerveja choca no desolado Fuggazi's escutando o matraquear da catástrofe na vitrola automática de hidrogênio, que falaram setenta e duas horas sem parar do parque ao apê ao bar ao Hospital Bellevue ao Museu à Ponte de Brooklyn, batalhão perdido de debatedores platônicos saltando dos gradis das escadas de emergência dos parapeitos das janelas do Empire State da Lua, tagarelando, berrando, vomitando, sussurrando fatos e lembranças e anedotas e viagens visuais e choques nos hospitais e prisões e guerras, intelectos inteiros regurgitados em recordação total com os olhos brilhando por sete dias e noites, carne para a sinagoga jogada na rua, que desapareceram no Zen de Nova Jersey de lugar algum deixando um rastro de cartões postais ambíguos do Centro Cívico de Atlantic City, sofrendo suores orientais, pulverizações tangerianas nos ossos e enxaquecas da China por causa da falta da droga no quarto pobremente mobiliado de Newark, que deram voltas e voltas à meia-noite no pátio da estação ferroviária perguntando-se onde ir e foram, sem deixar corações partidos, que acenderam cigarros em vagões de carga, vagões de carga, vagões de carga que rumavam ruidosamente pela neve até solitárias fazendas dentro da noite do avô, que estudaram Plotino, Poe, São João da Cruz, telepatia e bop-cabala pois o Cosmos instintivamente vibrava a seus pés em Kansas, que passaram solitários pelas ruas de Idaho procurando anjos índios e visionários que eram anjos índios e visionários, que só acharam que estavam loucos quando Baltimore apareceu em êxtase sobrenatural, que pularam em limusines com o chinês de Oklahoma no impulso da chuva de inverno na luz das ruas de cidade pequena à meia-noite, que vaguearam famintos e sós por Houston procurando jazz ou sexo ou rango e seguiram o espanhol brilhante para conversar sobre América e Eternidade, inútil tarefa, e assim embarcaram num navio para a África, que desapareceram nos vulcões do México nada deixando além da sombra das suas calças rancheiras e a lava e a cinza da poesia espalhadas na lareira Chicago, que reapareceram na Costa Oeste investigando o FBI de barba e bermudas com grandes olhos pacifistas e sensuais nas suas peles morenas, distribuindo folhetos ininteligíveis, que apagaram cigarros acesos nos seus braços protestando contra o nevoeiro narcótico de tabaco do Capitalismo, que distribuíram panfletos supercomunistas em Union Square, chorando e despindo-se enquanto as sirenes de Los Alamos os afugentavam gemendo mais alto que eles e gemiam pela Wall Street e também gemia a balsa de Staten Island, que caíram em prantos em brancos ginásios desportivos, nus e trêmulos diante da maquinaria de outros esqueletos, que morderam policiais no pescoço e berraram de prazer nos carros de presos por não terem cometido outro crime a não ser sua transação pederástica e tóxica, que uivaram de joelhos no Metrô e foram arrancados do telhado sacudindo genitais e manuscritos,que se deixaram foder no rabo por motociclistas santificados e urraram de prazer, que enrabaram e foram enrabados por esses serafins humanos, os marinheiros, carícias de amor atlântico e caribeano, que transaram pela manhã e ao cair da tarde em roseirais, na grama de jardins públicos e cemitérios, espalhando livremente seu sêmem para quem quisesse vir, que soluçaram interminavelmente tentando gargalhar mas acabaram choramingando atrás de um tabique de banho turco onde o anjo loiro e nu veio atravessá-los com sua espada, que perderam seus garotos amados para as três megeras do destino, a megera caolha do dólar heterossexual, a megera caolha que pisca de dentro do ventre e a megera caolha que só sabe ficar plantada sobre sua bunda retalhando os dourados fios intelectuais do tear do artesão, que copularam em êxtase insaciável com uma garrafa de cerveja, uma namorada, um maço de cigarros, uma vela, e caíram da cama e continuaram pelo assoalho e pelo corredor e terminaram desmaiando contra a parede com uma visão da buceta final e acabaram sufocando um derradeiro lampejo de consciência, que adoçaram as trepadas de um milhão de garotas trêmulas ao anoitecer, acordaram de olhos vermelhos no dia seguinte mesmo assim prontos para adoçar trepadas na aurora, bundas luminosas nos celeiros e nus no lago, que foram transar em Colorado numa miriade de carros roubados à noite, N.C. herói secreto destes poemas, garanhão e Adonis de Denver -prazer ao lembrar das suas incontáveis trepadas com garotas em terrenos baldios & pátios dos fundos de restaurantes de beira de estrada, raquíticas fileiras de poltronas de cinema, picos de montanha, cavernas ou com esquálidas garçonetes no familiar levantar de saias solitário à beira da estrada & especialmente secretos solipsismos de mictórios de postos de gasolina & becos da cidade natal também, que se apagaram em longos filmes sórdidos, foram transportados em sonho, acordaram num Manhattan súbito e conseguiram voltar com uma impiedosa ressaca de adegas de Tokay e o horror dos sonhos de ferro da Terceira Avenida & cambalearam até as agências de emprego, que caminharam a noite toda com os sapatos cheios de sangue pelo cais coberto por montões de neve, esperando que se abrisse uma porta no Bast River dando num quarto cheio de vapor e ópio, que criaram grandes dramas suicidas nos penhascos de apartamentos do Hudson à luz de holofote anti-aéreo da lua & suas cabeças receberão coroas de louro no esquecimento, que comeram o ensopado de cordeiro da imaginação ou digeriram o caranguejo do fundo lodoso dos rios de Bovery, que choraram diante do romance das ruas com seus carrinhos de mão cheios de cebola e péssima música, que ficaram sentados em caixotes respirando a escuridão sob a ponte e ergueram-se para construir clavicêmbalos nos seus sótãos, que tossiram num sexto andar do Harlem coroado de chamas sob um céu tuberculoso rodeados pelos caixotes de laranja da teologia, que rabiscaram a noite toda deitando e rolando sobre invocações sublimes que ao amanhecer amarelado revelaram-se versos de tagarelice sem sentido, que cozinharam animais apodrecidos, pulmão coração pé rabo borsht & tortillas sonhando com o puro reino vegetal, que se atiraram sob caminhões de carne em busca de um ovo, que jogaram seus relógios do telhado fazendo seu lance de aposta pela Eternidade fora do Tempo & despertadores caíram nas suas cabeças por todos os dias da década seguinte, que cortaram seus pulsos sem resultado por três vezes seguidas, desistiram e foram obrigados a abrir lojas de antigüidades onde acharam que estavam ficando velhos e choraram, que foram queimados vivos em seus inocentes ternos de flanela em Madison Avenue no meio das rajadas de versos de chumbo & o contido estrondo dos batalhões de ferro da moda & os guinchos de nitroglicerina das bichas da propaganda & o gás mostarda de sinistros editores inteligentes ou foram atropelados pelos táxis bêbados da Realidade Absoluta, que se jogaram da Ponte de Brooklyn, isto realmente aconteceu e partiram esquecidos e desconhecidos para dentro da espectral confusão das ruelas de sopa & carros de bombeiros de Chinatown, nem mesmo uma cerveja de graça, que cantaram desesperados nas janelas, jogaram-se pela janela do metrô, saltaram no imundo rio Passaic, pularam nos braços dos negros, choraram pela rua afora, dançaram sobre garrafas quebradas de vinho descalços arrebentando nostálgicos discos de jazz europeu dos anos 30 na Alemanha, terminaram o whisky e vomitaram gemendo no toalete sangrento, lamentações nos ouvidos e o sopro de colossais apitos a vapor, que mandaram brasa pelas rodovias do passado viajando pela solidão da vigília de cadeia do Golgota de carro envenenado de cada um ou então a encarnação do Jazz de Birmingham, que guiaram atravessando o país durante setenta e duas horas para saber se eu tinha tido uma visão ou se você tinha tido uma visão ou se ele tinha tido uma visão para descobrir a Eternidade, que viajaram para Denver, que morreram em Denver, que Retornaram a Denver & esperaram em vão, que espreitaram Denver & ficaram parados pensando & solitários em Denver e finalmente partiram para descobrir o Tempo & agora Denver está saudosa dos seus heróis, que caíram de joelhos em catedrais sem esperança rezando por sua salvação e luz e peito até que a alma iluminasse seu cabelo por um segundo, que se arrebentaram nas suas mentes na prisão aguardando impossíveis criminosos de cabeça dourada e o encanto da realidade nos seus corações que entoavam suaves blues de Alcatraz, que se recolheram ao México para cultivar um vício ou as Montanhas Rochosas para o suave Buda ou Tanger para os garotos ou Pacifico Sul para a locomotiva negra ou Harvard para Narciso para o cemitério de Woodlawn para a coroa de flores para o túmulo, que exigiram exames de sanidade mental acusando o rádio de hipnotismo & foram deixados com sua loucura & suas mãos & um júri suspeito, que jogaram salada de batata em conferencistas da Universidade de Nova York sobre Dadaísmo e em seguida se apresentaram nos degraus de granito do manicômio com cabeças raspadas e fala de arlequim sobre suicídio, exigindo lobotomia imediata, e que em lugar disso receberam o vazio concreto da insulina metrasol choque elétrico hidroterapia psicoterapia terapia ocupacional pingue-pongue & amnésia, que num protesto sem humor viraram apenas uma mesa simbólica de pingue-pongue, mergulhando logo a seguir na catatonia, voltando anos depois, realmente calvos exceto uma peruca de sangue e lágrimas e dedos para a visível condenação de louco nas celas das cidades-manicômio do Leste, Pilgrim State, Rockland, Greystone, seus corredores fétidos, brigando com os ecos da alma, agitando-se e rolando e balançando no banco de solidão à meia-noite dos domínios de mausoléu druídico do amor, o sonho da vida um pesadelo, corpos transformados em pedras tão pesadas quanto a lua, com a mãe finalmente e o último livro fantástico atirado pela janela do cortiço e a última porta fechada às 4 da madrugada e o último telefone arremessado contra a parede em resposta e o último quarto mobiliado esvaziado até a última peça de mobília mental, uma rosa de papel amarelo retorcida num cabide de arame do armário e até mesmo isso imaginário, nada mais que um bocadinho esperançoso de alucinação - ah, Carl, enquanto você não estiver a salvo eu não estarei a salvo e agora você está inteiramente mergulhado no caldo animal total do tempo - e que por isso correram pelas ruas geladas obcecados por um súbito clarão da alquimia do uso da elipse do catálogo do metro & do plano vibratório que sonharam e abriram brechas encamadas no Tempo & Espaço através de imagens justapostas e capturaram o arranjo da alma entre 2 imagens visuais e reuniram os verbos elementares e juntaram o substantivo e o choque de consciência saltando numa sensação de Pater Omnipotens Aeterni Deus, para recriar a sintaxe e a medida da pobre prosa humana e ficaram parados à sua frente, mudos e inteligentes e trêmulos de vergonha, rejeitados todavia expondo a alma para conformar-se ao ritmo do pensamento na sua cabeça nua e infinita, o vagabundo louco e Beat angelical no Tempo, desconhecido mas mesmo assim deixando aqui o que houver para ser dito no tempo após a morte, e se reergueram reencarnados na roupagem fantasmagórica do jazz no espectro de trompa dourada da banda musical e fizeram soar o sofrimento da mente nua da América pelo amor num grito de saxofone de eli eli lama lama sabactani que fez com que as cidades tremessem até seu último rádio, com o coração absoluto do poema da vida arrancado para fora dos seus corpos bom para comer por mais mil anos.
Allen Ginsberg (trad. Cláudio Willer)

Nunca olha para trás

"Hoje os ventos do destino
Começaram a soprar
Nosso tempo de menino
Foi ficando para trás
Com a força de um moinho
Que trabalha devagar
Vai buscar o teu caminho
Nunca olha para trás"

http://feliperamone.blogspot.com/

ser amado não é nada, enquanto amar é tudo

“Quanto mais envelhecia, quanto mais insípidas me pareciam as pequenas satisfações que a vida me dava, tanto mais claramente compreendia onde eu deveria procurar a fonte das alegrias da vida. Aprendi que ser amado não é nada, enquanto amar é tudo.”

Hermann Hesse

amado

“Eu te amo tanto que até dói. Quando você se mostra assim, do jeito que você é, com as suas fraquezas, limitações, enfim, com a sua humanidade, aí é que eu amo mesmo, porque eu te vejo ainda mais incrível, ainda mais digno de ser amado”.

Helga

Sentido

“Se você não é livre para ser você mesmo, na questão mais importante de todas as atividades – a expressão do amor – então a vida em si mesma perde o seu sentido”

Harvey Milk

Hábitos

“tenho preocupação em cultivar hábitos saudáveis e equilibrados, sem cair numa subserviência daquilo que a maioria ache politicamente correto”
"Não consigo dormir.
Tenho um homem atravessado entre minhas pálbebras.
Se pudesse, diria a ele que fosse embora.
Mas tem um homem atravessado em minha garganta."

Eduardo Galeano

From time to time

Eu choro às vezes.
Quer dizer, eu choro sempre, acho que eu choro todos os dias.
Mas de quando em vez eu choro.
Não é nada definível assim "estou chorando porque..."
Eu choro, simplesmente.
Choro de ficar com a boca quadrada, choro de sacudir o corpo, de abraçar os gatos com força e de matar o cachorro de angústia. Ele lambe meu rosto e chora baixinho e se assusta com os soluços.
Choro porque é dor demais, é raiva demais. Amor demais.
Eu choro porque é tudo tão grande e eu sou tão pequena. Porque tudo existe, porque não existe nada lá fora, nada, nada.
Choro por medo, porque tenho muita coragem. Tenho tanta coragem, todos os dias.
Eu choro, sabem, eu choro porque a dor não me deixa respirar e mesmo assim eu respiro fundo e solto o ar em oito tempos, como nos exercícios da aula de canto.
Meu choro é porque sinto pena de mim. É porque sinto orgulho de mim.
Eu choro enquanto penso que, mesmo não sabendo para onde ir, tenho cada passo programado.
Eu choro, de quando em vez, porque me comovo e porque não sinto nada. Porque não há nada a fazer. Porque todas as atitudes precisam ser tomadas.
Porque sou impotente, porque tudo posso.
Eu choro quase sempre, quase o tempo todo, porque o humano que há em mim se atira do parapeito e não há volta.
Mas eu volto, todas as vezes. Todos os dias.

Peanuts

“Há três coisas que aprendi a nunca a discutir com as pessoas: religião, política e a grande Abóbora.”

“Mas o amor não existe para fazer a gente feliz?” (Charlie Brown)

“Irmãos e irmãs jamais deveriam pertencer à mesma família” (Linus Van Pelt)

“Argh! Fui beijado por uma menina! Tragam iodo! Tragam água quente!”(Schroeder)

“É melhor ter amado e perdido do que nunca ter amado na vida”.(Charlie Brown)

“Eu gosto da humanidade. O que eu não suporto são os humanos”.(Linus van Pelt)

“Charlie Brown, de todos os Charlie Browns do mundo, você é o mais Charlie Brown de todos!”(Linus van Pelt)

“Em todo este mundo, não há nada mais inspirador do que ver alguém que acabou de se livrar de uma obrigação”(Linus van Pelt)

“Nada como um amor não correspondido para tirar todo o sabor do sanduíche de manteiga de amendoim…”(Charlie Brown)

“Como você pode dizer que estou gordo? Estou apenas com estômago musculoso”(Linus van Pelt)

“Eu sou sujo, mas tenho pensamentos limpos”(Chiqueirinho)

“Não falei que tô apaixonado por ela, simplesmente disse que gosto muito do chão que ela pisa” (Linus van Pelt)

“Eu era mal humorada quando nasci, sou mal humorada hoje e serei mal humorada pelo resto da minha vida, que alivio!” (Lucy van Pelt)

“Sabe, Linus, eu tô desenvolvendo uma nova filosofia, eu só preciso suportar um dia por vez” (Charlie Brown)

“Se todos concordarem comigo, todos estarão certos” (Lucy van Pelt)

“O objetivo da escola é estudar, estudar e estudar; para ir para o segundo grau e estudar, estudar e estudar; para ir para a faculdade e estudar, estudar e estudar; para conseguir um bom emprego, constituir família e ter filhos. Filhos que vão para a escola, para estudar, estudar e estudar” (Linus van Pelt)

Lucy: Você não gosta de mim, né Schroeder?
Schroeder: Não. Na verdade eu nunca gostei de você e é provável que eu nunca venha gostar.
Lucy: Mas não vamos deixar isso atrapalhar o nosso eventual casamento não é?

Lucy: Olhe de outra maneira, Charlie Brown, nós aprendemos muito mais das falhas do que das vitórias.
Charlie Brown: Isto me faz a pessoa mais esperta do mundo.

Lucy: Schroeder… por que você nunca me mandou flores?
Schroeder: Porque eu não gosto de você!

Charlie Brown: Esse seu muro de pedras está sendo sua nova terapia, Linus. Toda vez que estiver com um problema você pode vir aqui e colocar mais uma pedra
Linus: Não têm tantas pedras assim no mundo, Charlie.

Linus: Eu nunca mais vou ter que ir a escola!
Lucy: Mas as férias de verão só duram 2 meses
Linus: Para uma pessoa como eu 2 meses é a eternidade!

“Eu nunca cometi um erro na minha vida. Achei que tivesse cometido uma vez, mas eu estava errada” (Lucy Van Pelt)

“No livro da vida, as respostas não estão na parte de trás” (Charlie Brown)

“Basta lembrar: uma vez que se está sobre a colina a começar a pegar velocidade” (Charlie Brown)

“Minha vida não tem qualquer finalidade, sem direção, sem objetivo, não faz sentido e, no entanto, estou feliz” (Snoopy)

“Nada tem o sabor de amendoim como sem amor” (Charlie Brown)

“Este é o segredo da vida: substituir uma preocupação por outra”(Charlie Brown)

“Nenhum problema é tão grande ou tão complicado que não se possa fugir dele” (Linus Van Pelt)

“Deve haver milhões de pessoas em todo o mundo, que nunca receberam uma carta de amor. Eu poderia ser seu líder” (Charlie Brown)

“Esta é a minha postura deprimida. Quando estiver deprimido, não faz muita diferença de como você se coloca. A pior coisa que você pode fazer é endireitar-se e manter a cabeça pra cima, porque então você vai começar a sentir-se melhor” (Charlie Brown)

“Ontem fui um cão. Hoje sou um cão. Amanhã provavelmente vou continuar a ser um cão. *Suspiros*. Há tão pouca esperança de avanço” (Snoopy)

“Tudo que você realmente precisa é amor, e um pouco de chocolate” (Lucy Van Pelt)

“Eu sei a resposta! A resposta está no coração de todos os homens! A resposta é doze? Acho que estou no prédio errado” (Lucy Van Pelt)

“Eu temo ficar velho… Não quero ter que vestir dente bifocal!” (Linus Van Pelt)

Linus Van Pelt: Tire essa pata do meu cobertor cão estúpido, ou esteja preparado para sofrer as conseqüências!
Snoopy: a minha vida está cheia de sofridas conseqüências…

Linus: Minha professora me entende!
Lucy: Ou ela é um gênio ou ela é nova no emprego.

“Estes cinco dedos… Individualmente, eles são nada. Mas em conjunto, eles formam uma arma que é terrível” (Lucy Van Pelt)

“Eu estou em uma nova campanha para ser agradável para as pessoas” (Lucy Van Pelt)

“Eu lhe disse um milhão de vezes que os adultos são diferentes” (Linus Van Pelt)

“Cada geração tem de ser capaz de culpar a geração anterior pelos seus problemas. Não resolve nada, mas faz se sentir melhor” (Lucy Van Pelt)

Charlie Brown: Dizem que a força da gravidade é 13% menor do que era 14,5 bilhões de anos atrás.
Lucy: De quem é a culpa?
Charlie Brown: Culpa? Não há culpa
Lucy: O que você quer dizer “Não há culpa?” Tem que ser culpa de alguém! Alguém tem de tomar a culpa! Encontre um bode expiatório!

Frieda: É um bom dia… Se eu fosse um cachorro, eu sairia a perseguir coelhos num bom dia…
Snoopy: Se ele é tão belo dia, porque estragar-lo para o coelho?

Eu não gosto de problemas na cabeça. Penso que a melhor maneira de resolver os problemas é evitá-los (Linus Van Pelt)

Lucy: Olhe para os besouros estúpido! Eles não têm a menor idéia de como e o que está a acontecer neste mundo.
Charlie Brown: O que se passa neste mundo?
Lucy: Eu não tenho a menor idéia.

Charlie Brown: A Escola inicia na segunda-feira.
Sally: Não para mim!
Charlie Brown: O que você quer dizer, não para você?
Sally: eu fui o ano passado!

Charlie Brown: Não! Não! Não! Isso não está certo! Aqui está uma foto com alguns barcos nele. Agora me diga quantos barcos que você está vendo?
Sally: Todos eles!

“Aquela menina é tão linda… e ainda por cima tem cheiro de papelaria” (Linus Van Pelt)

Lucy: Você sabe o que mantém as estrelas no céu, Linus?
Linus: Bem.... não sei o certo… tachinhas?

Linus vê uma folha caindo de uma árvore. Pára diante dela no chão e diz: você não será feliz aqui…

Quem fica

"Geralmente quem parte sofre menos, pois ganha um mundo novo, fascina-se com as novidades, acrescenta... Creio que sofra quem fica vê tudo igual, mas com uma grande ausência"

Fram, 21/08/2007

Foto Polaroid

Sabe o que me cansa?
São essas suas palavras
Que eu tenho que arrancar do meio da tua garganta, criança
Que eu tenho que trazer de dentro do teu peito,
Perfeito!

Mas eu aqui, largada
Num canto desse apartamento
Eu choro mais, eu choro menos
Tanto faz, você, você não vem mesmo.
Mas eu aqui, eu aqui morrendo
Desaparecendo, como uma foto de Polaroid
Eu morro mais ou morro menos
Tanto fez, você não veio mesmo.

Sabe o que me mata?
São os teus olhos de vidraça
Fosca, embaçada à jato de areia
De onde não mina uma lágrima
Teu olho turmalina pedra muito negra
Como esse tal amor por mim.

Mas eu aqui, largada
Num canto desse apartamento
Eu choro mais, eu choro menos
Tanto faz, você, você não vem mesmo.
Mas eu aqui, eu aqui morrendo
Desaparecendo, como uma foto de Polaroid
Eu morro mais ou morro menos
Tanto fez, você não veio mesmo.

Sabe, eu odeio, odeio
Adorar teu jeito simples de viver
Ver você sorrindo assim loucamente
Quando estou aqui presente
Sentir as tuas pernas trêmulas
Depois do prazer satisfeito
E é por isso que eu não aceito,eu não aceito, não
Ver você assim retrocedendo
Abrindo mão dos sonhos, fantasias
Por essa covarde, covardia
Muito menos pagando o preço dos nossos pecados
Nem se fosse dez centavos.

Mas eu aqui, largada
Num canto desse apartamento
Eu choro mais, eu choro menos
Tanto faz você, você não vem mesmo.
Mas eu aqui, eu aqui morrendo
Desaparecendo, como uma foto de Polaroid
Eu morro mais ou morro menos
Tanto fez você, não veio mesmo.
Não veio...

Isabella Taviani